15.3.09

"Stand by me"


No matter what you are, no matter what you do, no matter what you can accomplish, you will always need somebody to stand by you.

And that's life. :)

22.2.09

Porque é culpa...


Porque é culpa, se alguma coisa é culpa,
não multiplicar a liberdade de um ser amado
de toda a liberdade que em nós possamos achar.

Onde amamos, temos apenas isto:
deixar-nos uns aos outros; porque prender-nos
é-nos fácil e não é preciso aprendê-lo.


Rainer Maria Rilke

27.1.09

Feia vingança de sabor doce

Magoaste-me e eu senti, senti que estava vivo
Deixaste-me e eu fiquei, fiquei bem comigo
Ignoraste-me e eu percebi, percebi que não me vias
Chamaste-me e eu olhei, olhei e ignorei-te
Tocaste-me e eu fechei, fechei os olhos com medo
Falaste-me e eu ouvi, ouvi tudo em segredo
Pediste-me e eu neguei, neguei dar-te perdão
Choravas e eu sorri, sorri pela tua dor

16.12.08

Reaching out

I’ve cried for you
So many times
I’ve cried for you
Daughter of Eve
Will you forgive?
For all those times
I’ve failed to you
And cried for you

One step behind
One hand beyond
I sense you’ve gone
And I’m alone
My heart in pain
Makes me insane
I can’t breathe
The lover gasps

The dream met an end
It wasn’t just a friend
It wasn’t just the passion
It was a chemical reaction
It was his young love
That raised all above
The values of his life

But she was decided
And walked into the light
She gave up the fight
To find peace inside

I’ve cried for you
So many times
I’ve cried for you
Daughter of Eve
Will you forgive?
For all those times
I’ve failed to you
And cried for you

I didn’t hold your hand
On the very end
I couldn’t let you go
I didn’t whisper hope
Or throw you another rope
To save you from the edge
But now I’ll pledge
To my heart, soul and mind
I promise I will find
Your bed in heaven

12.12.08

Esvai, flui, acaba.

Matei o meu melhor amigo,e acho que sentirei saudades.

Eu esqueci-me de quem sou, e fingi estar doente.

Amaldiçoado porque sou, o maldito de toda a gente.

Ansiedades a que me dou, e a todos que trago comigo.

Era noite, estava escuro, e nem sei o que procuro.

Vem, abraça-me mãe, não os deixes levar-me a esta hora.

Quem não tem, procura ter, e saber, ou vai embora.

Gago já sou e o medo acossou o que eu vi lá fora.

Sai de mim, estou morto agora cheguei ao fim.

Foi assim, que desisti da vida e abri a ferida.

Deixa-me esvair em sangue, ninguém me vai chorar por ti.

Ninguém quer saber dos idos, ignorados e esquecidos.

Como todos os que perante mim se foram e eu não vi.

Chegou ao fim.

Fim.

8.12.08

No reflexo de um copo de vinho

Não o sinto. Não consigo.
Tenho de sair deste lugar, deste confuso labirinto mental, desta doença surreal, estou doente. Sofro com isto. Sofro tanto. Inconstante, desinteressante, alternando dor e confusão, raios de luz forte, cegueira da alma com valores trocados, desejos errados e sempre em conflito.
Luto por dentro, luto lá fora, luto com todos, mas só me venço a mim.

Amarrem-me os pulsos e ponham-me um açaime na boca, não me deixem falar. Eu juro que falo, que digo, que reclamo e aponto o dedo. Eu sei o que tu fizeste, eu sei quem tu és, e tu sabes do que sou capaz.
Larguem-me, deixem-me em paz, eu juro que mordo o teu conforto e rasgo a tua paz. Não olhes para mim, vai-te embora. Deixa de consumir o resto da sanidade que conservo com fervor.
Eu juro que falo. Eu digo tudo. TUDO OUVISTE.
Já não sei quem sou, nem no que me tornei, ou para onde caminho nesta espiral nojenta de descobertas maliciosas.
Agora o que eu sei bem, e tu sabes que eu sei muito bem, é quem tu és, o que foste e o que serás. És um maldito. És um falhado acabado, és tudo aquilo que sempre tive medo de me tornar.
ODEIO-TE... ODEIO-TE PORRA.

6.12.08

Morte I

Porque o sangue escorre e a luz chora, está na hora...está na hora.

3.12.08


Tenho olhos de criança, sorrisos por desenhar. 
E na Lua deposito cada lágrima perdida, para pintar um lago,
cheio de sonhos para pescar.



1.12.08

Sem remorsos.

- Roubou-lhe a vida. Roubou-lhe a vida aquele sacana.

Acendi mais um cigarro, enquanto anda em círculos a espezinhar as beatas de todos os cigarros que antes foram devorados como se fossem doces no Natal, e muitos se seguiram.

- E eu até cheguei a gostar dele entendes? Parecia-me uma boa pessoa.

Sentei-me num pedregulho com os cotovelos no joelho e a cabeça baixa a encostar no peito. Em penitência pelas minhas crenças, por ter sido levado a acreditar em aparências por deixar isto acontecer outra vez.

- Não acredito. Porra!
- É possível sermos tão estúpidos ao ponto de cometer os mesmos erros, quando estes ainda nos estão marcados na carne.

Olhei para as cicatrizes que tinha nos braços, cortes fundos na carne e mais dolorosos na alma, símbolos de violência e violação da sagrada infância das crianças. Se o sorriso feliz de uma criança é um tempo sagrado, que deve ser prezado acima de qualquer coisa, quando eu era miúdo, devo ter tido a pouca sorte de ver o meu templo sofrer um atentado terrorista.

- Apesar de tudo, de todos aqueles anos de merda, de tudo o que passei, fiquei feliz no momento em que a minha mãe se livrou do outro monstro.
- Esse momento deve ter sido um dos pontos altos da minha vida.

Não era fácil recordar todos aqueles momentos de dor, toda a violência sofrida dentro de quatro paredes isoladas do mundo. Penso sempre que nasci mudo, porque por muito que tivesse gritado nunca ninguém me ajudou, nunca ninguém se importou com aquilo que sofria.
Era patente a minha dor, quando ia para a escola, quando as pessoas olhavam, sabiam o que eu sofria mas nunca faziam nada. Todos tinham medo dele, e deitavam as culpas para cima dela. Para toda aquela gente ele era o senhor padre, e a minha mãe a sua cadela.

- Foram quinze anos. Quinze anos de sofrimento na mão daquele cabrão escolhido por Deus.

Olhei para o céu e recordei esses quinze anos de tortura, de dor, de doença, de viver na sombra debaixo da claridade dos olhares de todo o mundo. Nunca ninguém me amparou.

- Ainda me lembro da felicidade naquele dia.
- No dia em que me tornei carne e mente envolto por algo superior.

Não era vingança, não era raiva embebida em desespero, não era pela mão da justiça natural de tomei aqueles actos, foi por puro medo, sobrevivência.

- Não achas curioso como o nosso sentido animalesco desponta quando é mais preciso?

Levantei-me, acendi mais um cigarro e soltei uma serena gargalhada.

- Estou eu aqui a falar com um morto.
- Devo ter perdido o juizo.

Afastei-me do local onde tinha abandonado o segundo cadáver, a segunda vítima das minhas mãos. No mesmo local onde tinha colocado o primeiro, e onde outros se iriam seguir. Primeiro foi o senhor padre, que me mostrou o que era o inferno enquanto frequentava a casa da minha mãe, durante quinze anos. Matei-o como disse, por sobrevivência, por medo. Não por medo dele, não havia mais nada que ele pudesse fazer que eu viesse a temer. Foi por medo de mim próprio, da minha loucura que nasceu de uma jovial amargura perante a vida. Matei-o para me salvar de uma loucura obrigatória que me consumia o corpo. Tive de o matar.
O segundo corpo, foi com quem tive esta pequena conversa. Foi o meu pai biológico, que depois de abandonar a minha mãe a uma vida de miséria e sofrimento, voltou para a fazer de escrava. A mim não me podia tocar. Já não vivia naquela casa, já tinha a minha vida, e era temido por toda a gente. O que fiz foi pela minha mãe. Para a salvar de mais anos de sofrimento até ao fim da sua vida. Foi para a salvar da sua loucura, aquela que eu também tinha sentido anos antes.